terça-feira, 13 de novembro de 2007

Passa-tempo de Ficção... Científica?

Um 365 avos do ano...
Um colégio católico...
Uma redação de vestibular...
Um trailer de cinema...

Acaba! Acaba! Pelo amor que tenho a Mulher do Padre! Que tempo mais parado! Que “parada” este tempo! Minha Nossa Sem-hora do Agora, igual aos sapos de Magnólia, faça chover canivete! Retire as regras da minha fala que Rubinho ganha uma taça na rédea de uma charrete. Epa! Charrete não... De um papa-móvel. Também torne-me o único E.T. que há vários anos foi aqui esquecido pela Enterprise que eu faço a vaca da inauguração da ponte Maurício de Nassau voar tossindo. Enquanto o meu veículo de volta para o futuro não entra para a História, pelo menos dê um fim aos flatulentos condutores motorizados; recrie as máquinas da Era Flintstones!

Albert Einstein seu incompetente... Vejo que na prática tempo e distância “de rosca é parafuso”! A nossa última viagem à lua já faz parte do milênio passado e saiba que ainda me excita trepar com lunáticas, Barbarellas, andróides replicants e Aliens... mesmo que eu seja apenas o oitavo passageiro, mesmo que depois do orgasmo só tenha cigarro e cerveja não-potáveis para acalmar os meus nódulos (Câncer... Quem um dia não tiver um no meio do caminho “que jogue a primeira pedra” em Drummond). Aproveitando... Einstein sei que não tens culpa pelos traques-de-massa soltados em pleno agosto no São Japão de 1945 bem nos dias em que a terra parou.

Repito! Eu nunca quis e nem quero andar a 300 mil quilômetros por segundo! E tem mais... Como estou virando “boyzinho” mesmo... Albert vá ver se H.G. Wells está na esquina e peça-lhe para passar um email à porra da sua personagem, o cientista Hatlenger, afirmando que a essa altura da “quarta dimensão”, caso toda a sociedade continue a insistir, somente aceitarei a minha máquina do tempo com: painel todo revestido de mogno envernizado, uns adesivos colados na mala da Bad Boy e das letras iniciais do meu nome e da minha amada em itálico. Já no capô, colem o da Ferrari e no pára-brisa - o principal - o despacha manzuar do poder executivo. Quero também néons lilases presos em baixo de um motor V8 Interceptor movido a ferormônio feminino, mais cano de escape furado e barulhento, saia e aerofólio personalizados, som carrossel, DVD, freegobar, teto solar, banco de couro de Zebra, Buzina com o grito do Tarzan, vidro fumê azul, rodão cromado, marcha automática, injeção e vidros eletrônicos... E para completar... A quero blindada à prova de todas as bombas de Gás Nância das metrópolis capitalistas e socialistas.

Desde 2001 quero ser protagonista de ficção científica... Ser o macaco da Odisséia de Kubrick... Quero dar o grito primal e jogar o osso do progresso! Pois eu não agüento mais ter que redescobrir que o caralho do Cabral não nos descobriu boceta nenhuma (Segundo o próprio Caminha, a nossa Índia já vivia desnuda); e depender de livros de história catequizados pelos mesmos colonizadores filhos das putas que proclamaram a nossa independence day em 1822. Que “os bombeiros” de Truffat então me libertem da Alphaville de Godard.

Hipocrisia à parte... no meu admirável novo mundo ainda prefiro ter o branco transgênico do Michael Jackson e passar os próximos 500 anos do lado daqueles que lutam pelas restantes 80% das vagas das universidades públicas do que produzir geneticamente Cenoura Bronze e ser mais um da grande maioria desses “privilegiados” 20% que se matam para completar um negro Ensino Básico. Nada mais democraticamente nosso: querer saldar as dívidas com cheque sem fundo.

Já para aqueles seres tão “injustiçados” que perduram na disputa dos 80%, não tem coisa mais vergonhosa que sentir inveja dos “Ricardão”. Aquele vizinho de rua que você sabe que passou todo o período letivo jogando, além de conversa fora durante a aula, “Pelada” paga em campo sintético, Serpente no celular, Paciência no computador, Burrinho em mesa de bar e Tarimba com as Marias-Malhação do cursinho de matérias isoladas; e que hoje, além de continuar aprimorando as pré-históricas técnicas de coçar o saco e fofocar sobre a vida alheia (Vivas ao Big Brother Brasil!), cursa Direito, Enfermagem ou Administração em uma dessas “virtuais” faculdades privadas (Celite, Eliane, Lorenzetti...?), onde Seu paizão todo mês derrama dos poros mais de mil paus. Aurélio! Michael! Larousse! Ruth Rocha! Leiam o dicionário popular mundial...: tempo sm 1 Dinheiro.

E como eu não tenho contatos imediatos do terceiro grau com o Real... rezo todo dia junto a minha comunidade do morro do ORKUT para que nesse retorno ao tabuleiro, aos dados e às cartas do WAR, nesse retorno a guerra dos mundos, o Bilionário Bin imponha ao Ocidente o Calendário Lunar e a morte dos Anos Bissextos, como também o Milionário Bush consiga impor ao Oriente o Ano Cristão e exterminar os Anos Abundantes, posto que tais realizações me aproximariam do tão esperado dia da passageira felicidade de passar... NÃO pelo hímen elástico dos vestibulares dos órgãos de ensino superior federal e estadual: exterminadores dos futuros de mais de 90% dos jovens brasileiros, mas passar de vida... ser utopia, recriar meu avatar, me denominar como TRON e implantar vírus de hormônios hiperincestuosos no Second Life, desperdiçar todo o tempo que me resta tentando se desprogramar dos atuais sistemas de ensinos secundaristas e se desfragmentar de qualquer byte provindo de templos “sagrados” da inteligência artificiAU!

“Em breve, nas melhores salas bem pertinho de você?” Corta essa! Ação!

Obs.: Este texto foi publicado na edição n.4 (Nov. de 2007) da Revista-Zine-Jornal de Audiovisual "A Margem".

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Pelos cabelos de Shiva...

Baixo a cabeça para trás... Deixo a minha face exposta a tapa... Água... Água... Agüinha... Gelada... Éis o gozo do céu campinense ampliando os graus do meu "quatro ôio"... Embaçado...

Desfaço a face... Retorno à festa... Sobre a lente da miopia aguada vejo a explosão de todos os glóbulos-de-luz...

Saturam-se as cores... Apagam-se as formas... Apenas enxergo os movimentos de uma fina garoa... Que enverniza todos os corpos... Que ritualiza todas as danças... Que em meio as tempestades de som... Evapora uma melodia suave... Quase similar ao silêncio...

Talvez porque não é da natureza das águas o canto...

Desencontro Corpo-comida

Puro sal. Sou o subsolo do Mar Vermelho aberto por Moisés. Pereba ardente não cicatrizada por Deus. Assopro o hálito criador. Lâmpada sem parafina não apaga. Queima a língua. Viro carne-de-sol de peixe. Ração da páscoa para as estrelas-do-mar...

Elas...

Animais com forte prisão de ventre. Pouco se reproduzem. Pouco trepam. Regeneram-se. Não mastigam. Jogam seus estômagos pela boca. Não consomem. Engolem-me...

Eu...

Espinhas são meu corpo esquecido no prato, lembrado na garganta à espera de uma banana amassada ou uma paçoca mais água-viva. Oxigenada. Ardores...

Corpos...

Diabéticas chupadoras de pirulitos-coração. Sem chicletes? Reguladas por aparelhos "gastro-acadêmicos" estrangeiros. Denominadas como "Arrozes de festa japonesa" pela cozinha sofisticada e como "putas enrustidas" ou "putas do cu-doce" pela cozinha popular. Possuidoras de cinco mãos mimadas e um ânus que apenas dorme se encaixado sobre "Canos-de-açúcar" da sociedade equinodérmica. Não chupam tamarindo, nem pitomba e também não comem manga inchada com sal. Como possuem dentes dormentes? É como vovó dizia: "é só mastigar fortemente o cabo do talher aonde comem e seus dentes novamente se acordarão"...

Comida...

Ao menos antes de me engolirem, façam-me cafuné entre as suas línguas com uma hidromassagem de saliva. E se por alguma vez não me adentrarem faringe abaixo - caso raro, não me empalitem ou me enforquem com suas fraudas dentais norte-americanas de tutti-fruti. E quando adentrarem, não mais me absorvam dormindo! Não mais me expilam lendo revistas autofágicas...

Corpo versus Comida...

Estou pólen de íon desencontrado neste ecossistema da flora intestinal feminina. Perdido em um fast-food para estrelas-do-mar. Pálido. Inodoro. Sou quase ácido sem base. Muito denso. Sinto que bóio em meio a uma superfície poluída de superfícies. Muito menos. Sinto que circulo em um sistema digestório indigesto, limitado. Aonde quem manda são os cus, os sexos e as bocas... Que me desculpem mulheres! Esse sistema não absorve o meu amor. O meu amor hoje não absorve os seus cérebros...

Todo gozo é salgado. Tira-gosto? Que tal um bom vinho tinto... Seco.

Desencontro Recife-Fortaleza

...Por fim, virei pelo avesso e me fiz início... Por não ser a pessoa ideal a vestir o papel de Dom Quixote... Fiz o meu bigode e a tua barba... Virei casa de taipa abandonada na beira-do-mar... Pelado, seco e sem rumo... Acabei desbravado por algumas dunas cearenses... Daquelas que se esvaem em muito pouco tempo... Talvez em uma noite... Mas que não eram naturais, mas que não eram macias, que não adentravam os dedos ou se abraçavam ao vento para desfilar antes de se jogar cortantemente sobre a pele; tão duras... Que não davam pra deitar e rolar de olhos fechados sorrindo... Que não me sujavam a boca e não me provocava aflição nos dentes ao mastigar... Que não findavam no mar... Num banho de água salgada... Na vitalidade das ressacas da praia de Iracema... Que não eram a mulher dos lábios de sal... Que... Não... Eram... E... Que... Talvez... Não mais... Ceará...!...?

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Víbora...

Sonâmbulo... Espirro salgadinho... Sardinha... Azeitona... Amendoim... Amanheço... Sentado... Sobre o pesadelo do Rum Montilla... Kaiser...

Equilibro... Com as vértebras dos antebraços... Magros... Curtos... O corpo de cima sobre o de baixo... Encaixo... Os punhos no vazio das bochechas... Secas... E contra as cútis dos fêmures... Finco... Todo o peso sobre os cotovelos... Dormências...

Bocejo... Gozo lágrimas de merda e mijo... Contemplo... O som das cachoeiras... Respingos... Alívio... Arrepio... Inspiro... As flores dos azulejos... Sinto... A fragrância do Açude Velho... Suo... Suco de neurônio com sal e limão... Ardo... O colírio da luz sobre as pupilas dilatadas...

Olho contra o espelho... Mocidade... Gotículas de pasta seca sobre o reflexo da face... Papai... Sr. Mario... Sabão de côco... Fio dental jogado na pia... Leite de rosa... Pente de chifre de boi... Cueca atrás da porta... Mamãe... Dona Maria... Frascos reutilizados de xampu e condicionador... Identificação das toalhas com bordados feitos a mão... Saco da feira revestindo o lixeiro... Tablete de sabão amarelo pra lavar as mãos... Escova de unha... Pedra-sabão... Bucha... Toca...

Cuia... Balde de plástico... Banheiro número 611... Estrada do Brejo... Bairro da Linha do Tiro... Recife... Infância... Babá... Sexo recém-descabelado... Aos seis anos... Há indeterminadas primaveras... Desabrochado... Cabelos encaracolados castanhos... Brancos... Entopem o ralo... Érica... O rodo... Cristiane... A vassoura... Tempo... A pá... Vazio... O lixeiro... Nenhuma paixão remanescente...

Espalho... Os dedos pisam a poça da rachadura... Larga... Água gelada... Adentra o piso... Continua... Falha por todo os lados... Vira Avenida Floriano das formigas... Molho... Espalho... Molho... Engelho...

O sol de vidro ainda aceso da noitada... Uma víbora lá dentro presa... Realidade... A falta de papel higiênico... Um Ser... Lentamente... Ser cremado... Vivo... Derretendo... Derrotado de necessidades... Privada... As reticências... Os seus derradeiros suspiros... Entretenimento...

Fungado pelo instinto... Olho entre as pernas... Presente... Escarro as nicotinas do silêncio... Cuspo ontem sobre agora... Espreguiço os braços... Um último bocejo anal... Alcanço... O interruptor da luz... Levanto... Camb... ot... Ando até a mesa da janta... Pego... Os guardanapos coloridos... Limpo... A hemorróidas... Banho-me... Um copo de cerveja quente... Espumas... Descarga... Arroto... Sorrisal...


Dedicado a Augusto, Mario, Clarice e Carlos.

Help! Solidão Multimídia

É domingo. São três horas da tarde. As formigas se amontoam sobre os restos de miojo do almoço. A casa vazia ecoa. Desde da primeira hora estou no meu confinamento. Nem os berros defecados pela descontrolada TV (e amante) do vizinho são capazes de impedir que a minha alma se evacue da carne!

E no momento em que o espírito começa a transcender à matéria, acaba por ser mais uma vez contido pela mente, que a extrapolados 365 dias insiste em projetar um mesmo filme sobre o pano interno das minhas pálpebras. Não suporto mais essa psicose! Preciso exorcizar de vez essas imagens. Nem mais os entorpecentes me fazem digerir o sono! Necessito com toda urgência demitir o segurança, instalar um interfone, arrancar três grades, pôr quatro escadas rolantes e distribuir por toda cidade as cópias das duas chaves que abrem as fechaduras da minha quitinete. Quero um qualquer que queira agora me escutar em Campina Grande!

Ainda como manda a dura rotina, ponho um rápido the end nesse drama de Sessão da Tarde: retiro os carnosos panos de projeção e edito um fade-in do meu quarto sobre as retinas. Todavia, diante dessa paisagem morta, pela primeira vez, em slow motion, traço uma panorâmica de 180° com as minhas sonolentas semigrandes angulares sem remelas, possivelmente à procura do último telespectador. Sabe aquela espécie de indivíduo que só se retira do cinema após ver a morte da palavra “Dolby Digital”? É exatamente um Homo Leão Jubarte desse de quem eu necessito. E, tal como os ridículos acasos dos roteiros hollywoodianos, eu me deparo com um deles sentado sobre a minha escrivaninha, bem quieto, entre as minhas “ficantes” Playboys!?

Confesso, contudo, que sua aparente falta de memória, associado ao seu "visu" da terceira idade e à total falta de intimidade entre nós, me desperta, logo de início, um certo clima de desconfiança. Preconceitos à parte, prefiro de antemão ainda não lhe chamar por seu famoso apelido “PC”, mas somente por seu nome estranho, acompanhado pelo primeiro tratável pronome que me vem à cabeça: Velho Pentium-100.

Inaugurada a minha comunicação com o distinto - como diria o meu metamorfizado presidente - “companheiro”, no imenso buraco negro em que estou, mais do que mero bobo-da-corte, cedo-lhe logo a maior de todas as patentes do meu reino medieval: a de Excelentíssimo Senhor Confidente. Terminadas as cerimônias de nomeação, despejo de imediato sobre o Word98 do pálido Pentium-100, todo o peso da mente que se me encrava na alma a carne e comprime os meus novos devaneios contra os velhos. Falo do curta-metragem incômodo! Falo da maior incógnita da física quântica! Falo da frase mais vulgarizada e prematuramente falada da atualidade! e que agora EU FALO de modo descompassado, frame por frame, batendo os meus inexperientes indicadores contra as teclas calejadas do novo confidente: EU TE AMO, Socorro!
Obs.: Este texto foi publicado na edição n.7 (Jun. de 2008) da Revista-Zine-Jornal de Audiovisual A MARGEM e também pela Revista CORSÁRIO no endereço: http://www.corsario.art.br/poemas/davidsobel/help.php