sábado, 28 de março de 2009

quinta-feira, 19 de março de 2009

Embaixo do tapete vermelho...

Em tempos de silêncio capital
pós-carnaval
somos retalhos de fantasias financeiras
restos de personagem de palhaço
lisos, rocos, molhados
como é dificil se desmascarar
voltar a ser gado
ser a mais pobre rima da palavra desempregado

Para andarmos no reino de príncipes e de gênios da lâmpada
joguemo-nos em último pedido embaixo de um tapete vermelho
voador
interplanetário
hollywoodiano

Hoje somos kombeiros clandestinos de desenho animado
ADO, ADO, ADO
CADA UM COM O SEU PIRATEADO

voamos como poeira de purpurina pelos espaços
vivemos a saudar todos os espirros que nos seguem o passo

Mais baixo o preço do petróleo
mais alta a taxa do passe-livre que nos cobram
cara?
de pau em pau
os presidentes enchem a pança do povo de papo
cultivando a cultura e a sua inércia
com comédias
"OXE MAINHA!"

Senhores críticos, cults e intelectuais
não se enganem
o roteiro da "Paixão de Cristo"
há 2009 menos 33 anos nos revela
a massa é sadomasoquista
e vouyer como vocês
que nos pisem
e nos arranquem o coro pelas costas
nós sofre
nós morre
nós não ressuscita
mas alguém goza

Talvez só um outro toró de tijolo
uma trepada com um pé d'água
um novo dilúvio na veia
podem nos lavar todo cimento da História
pois só as nuvens inundam de ardores os cortes
só as grandes chuvas coçam com as unhas a cura

São essas as sensações que nos apontam para os próximos saltos
sejam com tênis pseudoamericanos
com percatas pseudohavaianas
ou inté descalços

Já não importa a ferradura
nem a origem do cavalo
nem o porte do seu montador
nem peia do seu proprietário

quanto pesam todos os pés
sem a soma dos sonhos de seus apostadores?

Desde de crianças estamos na moda verão-inverno
vestindo camisinhas de coro de pica
"nem fodemos, nem saimos de cima!"

parecemos Rambos revestidos de Gandhis
metralhadoras giratórias sem balas
que só falam, falam e
SÓ FALAM

estamos mais filmes do que firmes
mais "de mentira" do que "de verdade"
bem menos "o mocinho" do que "o bandido"

Miro, admiro, mas admito,
para certos sentidos coletivos,
eu não mais existo

observo, cerco, mas não sirvo,
para certos olhos ressecados,
eu não mais colírio

Sequela?

impaciência

gatilhos de arma
cala
engatilham a quinta
marcha

Gastem todas as palavras
em movimento
para no próximo “era uma vez”
se cansarem mais em ação

Usurparam toda esquizofrenia da nossa razão

os próximos rumos já estão pintados
de alvo e rubro
NÁUTICO!? BANGU!?

Até cu de bebo já tem dono

apenas nadem e torçam
o nariz
para não morrerem na próxima praia
como estrelas cadentes de cinema pornô
em quarta-feira de cinzas

sem o uso do último pedido
e privados do próprio segredo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Em cena desconcertante...

Como é marcante encenar histórias desconcertantes! Deve ser porque as suas vivências ao tempo que nos destrói, também reconstrói, nos coloca diante o inverso do universo, cai de paraquedas trepando sobre as nossas costas já nos chamando pelo apelido mais cabeludo da infância, exatamente para todas as nossas criações de agora se desconcertarem com as de ontem.

É como ver uma freira vestida de fio dental rezando de quatro já aguardando a penitência e a salvação para o próximo ato. Se deparar com momentos desconcertantes provoca perda de memória presente, e ao mesmo tempo a construção recorde de nossos museus dentro da mente. Vivas às improvisações! Pois em física nos retiram o doce do salgado; em química, a base do ácido; em meio a nada, só ao susto, fazem o disparo de todas as defesas e tentam a fuga de ataques ultrasurpresas... Olham, por exemplo, para o inevitável "Oi, tudo bem?" com a JÁ reacompanhada ex-namorada e fazem-nos engolir o tempo-espaço a palo seco. São momentos em que automaticamente fotografamos e somos fotografados, que sugam quase todo o nosso ar, reenquadram toda ação, impõem um sorriso no retrato... E nos revelam o grande "Xis!" da questão.

E depois correndo para olhar a já revelada fotografia em passado, ainda voltamos a sorrir desconcertado observando a nossa fraca atuação... Como também a falta de pré-produção para as próximas pós-produções. E então nos questionamos:
- Por que ficamos totalmente "errados" em sorrir pelo avesso?

Alguns seres que se acham inteligentes poderiam responder essa pergunta com outra pergunta:
- Por que nos acostumamos a prevê a própria história?

Eu, pessoalmente, também "fico com a pureza da resposta das crianças" que certo dia questionarão os seus pais:
Por que não nos ensinaram a sorrir com naturalidade para os ruídos da natureza?

- "... BOM DIA CAROS OUVINTES! SEGUNDO OS INSTITUTOS DE METEOROLOGIA: HOJE VAI CHOVER FORTE DURANTE TODO O SÁBADO DE CARNAVAL NA CAPITAL PERNAMBUCANA..."

Se não aquenta... Pa quê vêio!?

terça-feira, 3 de março de 2009

Entre ossos e sonhos...

"Eu sou feita de sonhos tanto quanto sou feita de ossos"
(Capricórnio, 03.2009)

Me parece que
na praça da Bandeira
na noite de sexta-feira
a sopa de Capricórnio não foi feita
para todas os pombos pousarem...

Apenas para os que voam em silêncio
com respeito e classe
sem quaisquer ruídos ou bater de asas...
com pousos e olhares firmes,
únicos,
quase cegos,
corujas,
cheios de carências, curiosidades e mistérios.

Quem é da noite
gosta de ser personagem das próprias histórias
ser o sapato esquecido do conto de fadas ou
o grande peixe encontrado na boca dos pescadores.

Quem é da noite
Gosta de olhar ou de ser olhado pelos olhos da noite.
Gosta de mostrar suas maquiagens e máscaras
borradas ou iluminadas?
Personalizadas!

Quem é da noite
Acredita ter o total auto-controle,
ter as cores e as horas certas para se ligar na vida
e guarda sempre uma margem de incerteza para o final.

Quem é da noite
conhece as leis da lua,
sabe quando/onde se meter, mandar e até obedecer.
Quem é da noite faz seus maiores amores na escuridão,
com poucas velas,
em esquinas, becos ou vielas.
Quem é da noite já andou a pé pelas sombras,
gosta de sentir medo, vida, morte e liberdade.
Quem é da noite
do dia só lembra em ter que acordar.

Em contrapartida,
sem contagem regressiva, jogos pirotécnicos e tin-tins de taças,
quem é da noite tem que aprender a prevê o próprio tempo
de sobriedade, embreaguez e esquecimento...
O exato momento da despedida.

Quem é da noite
valoriza em ser cuidado sem licença prévia,
vive no "o que vier é lucro".

Quem é da noite
finge que se preocupa mais com a ação do que com a intenção,
troca o visceral pelo incerto,
cresce sem raios de reciprocidades artificiais...
sem luzes e sombras de alianças.

Entre ossos e sonhos,
resta a libra da tarde
tomar a sopa de capricórnio da noite
e fazer o que fez a sua vó outro dia,
antes que o gerador a óleo disel fosse desligado,
"Se não tirá pedaço, se soma à pele;
Afina o tato diacho!"

Maduro...

Quem amadurece demais apodrece!

Pessoalmente gosto de fruta com sal,
bem inchada,
azeda que contrai o corpo,
adormece os dentes
e fortalece a alma.