terça-feira, 3 de março de 2009

Entre ossos e sonhos...

"Eu sou feita de sonhos tanto quanto sou feita de ossos"
(Capricórnio, 03.2009)

Me parece que
na praça da Bandeira
na noite de sexta-feira
a sopa de Capricórnio não foi feita
para todas os pombos pousarem...

Apenas para os que voam em silêncio
com respeito e classe
sem quaisquer ruídos ou bater de asas...
com pousos e olhares firmes,
únicos,
quase cegos,
corujas,
cheios de carências, curiosidades e mistérios.

Quem é da noite
gosta de ser personagem das próprias histórias
ser o sapato esquecido do conto de fadas ou
o grande peixe encontrado na boca dos pescadores.

Quem é da noite
Gosta de olhar ou de ser olhado pelos olhos da noite.
Gosta de mostrar suas maquiagens e máscaras
borradas ou iluminadas?
Personalizadas!

Quem é da noite
Acredita ter o total auto-controle,
ter as cores e as horas certas para se ligar na vida
e guarda sempre uma margem de incerteza para o final.

Quem é da noite
conhece as leis da lua,
sabe quando/onde se meter, mandar e até obedecer.
Quem é da noite faz seus maiores amores na escuridão,
com poucas velas,
em esquinas, becos ou vielas.
Quem é da noite já andou a pé pelas sombras,
gosta de sentir medo, vida, morte e liberdade.
Quem é da noite
do dia só lembra em ter que acordar.

Em contrapartida,
sem contagem regressiva, jogos pirotécnicos e tin-tins de taças,
quem é da noite tem que aprender a prevê o próprio tempo
de sobriedade, embreaguez e esquecimento...
O exato momento da despedida.

Quem é da noite
valoriza em ser cuidado sem licença prévia,
vive no "o que vier é lucro".

Quem é da noite
finge que se preocupa mais com a ação do que com a intenção,
troca o visceral pelo incerto,
cresce sem raios de reciprocidades artificiais...
sem luzes e sombras de alianças.

Entre ossos e sonhos,
resta a libra da tarde
tomar a sopa de capricórnio da noite
e fazer o que fez a sua vó outro dia,
antes que o gerador a óleo disel fosse desligado,
"Se não tirá pedaço, se soma à pele;
Afina o tato diacho!"

Um comentário:

ohana disse...

Sou tão da noite que me assusto com o dia, o por vir e o que passou...