quinta-feira, 19 de março de 2009

Embaixo do tapete vermelho...

Em tempos de silêncio capital
pós-carnaval
somos retalhos de fantasias financeiras
restos de personagem de palhaço
lisos, rocos, molhados
como é dificil se desmascarar
voltar a ser gado
ser a mais pobre rima da palavra desempregado

Para andarmos no reino de príncipes e de gênios da lâmpada
joguemo-nos em último pedido embaixo de um tapete vermelho
voador
interplanetário
hollywoodiano

Hoje somos kombeiros clandestinos de desenho animado
ADO, ADO, ADO
CADA UM COM O SEU PIRATEADO

voamos como poeira de purpurina pelos espaços
vivemos a saudar todos os espirros que nos seguem o passo

Mais baixo o preço do petróleo
mais alta a taxa do passe-livre que nos cobram
cara?
de pau em pau
os presidentes enchem a pança do povo de papo
cultivando a cultura e a sua inércia
com comédias
"OXE MAINHA!"

Senhores críticos, cults e intelectuais
não se enganem
o roteiro da "Paixão de Cristo"
há 2009 menos 33 anos nos revela
a massa é sadomasoquista
e vouyer como vocês
que nos pisem
e nos arranquem o coro pelas costas
nós sofre
nós morre
nós não ressuscita
mas alguém goza

Talvez só um outro toró de tijolo
uma trepada com um pé d'água
um novo dilúvio na veia
podem nos lavar todo cimento da História
pois só as nuvens inundam de ardores os cortes
só as grandes chuvas coçam com as unhas a cura

São essas as sensações que nos apontam para os próximos saltos
sejam com tênis pseudoamericanos
com percatas pseudohavaianas
ou inté descalços

Já não importa a ferradura
nem a origem do cavalo
nem o porte do seu montador
nem peia do seu proprietário

quanto pesam todos os pés
sem a soma dos sonhos de seus apostadores?

Desde de crianças estamos na moda verão-inverno
vestindo camisinhas de coro de pica
"nem fodemos, nem saimos de cima!"

parecemos Rambos revestidos de Gandhis
metralhadoras giratórias sem balas
que só falam, falam e
SÓ FALAM

estamos mais filmes do que firmes
mais "de mentira" do que "de verdade"
bem menos "o mocinho" do que "o bandido"

Miro, admiro, mas admito,
para certos sentidos coletivos,
eu não mais existo

observo, cerco, mas não sirvo,
para certos olhos ressecados,
eu não mais colírio

Sequela?

impaciência

gatilhos de arma
cala
engatilham a quinta
marcha

Gastem todas as palavras
em movimento
para no próximo “era uma vez”
se cansarem mais em ação

Usurparam toda esquizofrenia da nossa razão

os próximos rumos já estão pintados
de alvo e rubro
NÁUTICO!? BANGU!?

Até cu de bebo já tem dono

apenas nadem e torçam
o nariz
para não morrerem na próxima praia
como estrelas cadentes de cinema pornô
em quarta-feira de cinzas

sem o uso do último pedido
e privados do próprio segredo.

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