A silenciosos dez-graus de granito abaixo dos meus ouvidos os ônibus cabralinos já descobriram os seus motores, e cá estou Eu com meus desnudos dois metros esparramados sobre um pequeno sofá de dois assentos, cafunado por cana-de-cabeça e ainda aquecido pelo cobertor do DVD pornô “11 Mulheres e Nenhum Segredo”, made in Pirata, made in Shopping Centro de Campina Grande. Diante de tanta passividade, é claro que o título e a história desse roteiro tão singelo foram modificados, ou melhor, re-parodiados pelo enorme queijo da minha mente-ratoeira para “Eu quero ser Alexandre Frota”. Uma realização em parceria entre Os Megas Stúdios Lado Direito e Esquerdo do Cérebro junto ao Lado Bem-bem Abaixo do Cérebro Company Entreteniment.
Eu, John Malkovich, nesta nova versão da história sou “o garanhão bad-boy” e protagonizo cenas de sexo grupal com 11 clones de uma mesma mulher. Na verdade, trata-se de uma garotinha de mais ou menos quinze anos, que há mais ou menos quinze minutos, no trailer do Sr. Lucas das Buninas, não ligando para presença da sua acompanhante, me provocava os cílios em direção aos seus grandes lábios carnudos, molhados e já contraídos pelos prolongados sarros com algumas pedras de gelo dentro do seu orifício bucal. Embora insípidos, os cubos hídricos pareciam ainda guardar entre as paredes do copo, o doce cheiro da transa “cana-com-coca”.
A cada intervalo de sessenta segundos e nove minutos, o cilíndrico descartável era conduzido pelos cinco indicadores da sua mãozinha, dos beiços até o acento enferrujado, sendo posto entre aquelas sufocantes carnosidades que sobravam da mini-saia. Hipnotizado a esses “vais e vens manuais” entre a boca e as coxas, não demorei a notar que aquele mordido plástico branco, sujo do mais vermelho batom, escondia de mim a maçã do fim ao princípio de um prazer sádico que aquela cobra sentia em registrar o meu desejo sendo algemado e chicoteado pela timidez. Ela por todo tempo gozara calada, descarada, sob o meu olhar impotente.
Ainda hoje, logo-logo, quando a Catedral sinalizar o toque de recolher do meio-dia e a escadaria do prédio começar a reverberar a sua antimonotonia, saberei que a minha passagem pelo portal mental de um ator pornô já estará em exibição por todas as antigas salas de projeção das ressacas campinenses. Tanto no Cine Capitólio do Medo e no Cine São José da Vergonha, como no Cine Babilônia da Dúvida... Mas também saberei que me auto-encaminharei certamente para os palcos do “Serrotão” e dividirei fama e cela com os mamulengos da minha covardia, da minha solidão e do meu pênis.
(Campina Grande, 07.2005)
Obs.: Este texto foi publicado na edição n.7 (Jun. de 2008) da Revista-Zine-Jornal de Audiovisual "A Margem".
Um comentário:
hahahahh
Oi david!
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