quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Bis (Odara v.2)

Ele passou o dia ruminando a música... Nu, vestido de violão, ouvido e língua, tentou a canção nos dedos... vestida de rimas brancas, a música não tinha o mesmo compasso das palmas do músico... Circulava rasante... tão brisa que quase nem se escutara...

Faz o músico deitar seu ouvido no chão...

Tudo ficara levemente móvel... sem gravidade... Os cabelos coloridos do tapete começaram a levitar... Sem desacoplar a orelha esquerda do piso, de bruços, o músico ergueu o braço direito... segurou-se nos pés da mesinha central, não se deixou sugar pelo moinho de vento que vinha do teto... tocou três vezes os cotovelos dos dedos na madeira.. fez tudo voar da sala para o quarto... inclusive a música...

Enquanto as luzes e os sons do dia não deixavam o músico anoitecer na cama... a beleza da música matinha oo músico deitado... Aberto... Ele olhava o violão em silêncio... sentia o mesmo som do chão da sala tocar os seus martelos... Assim criou um novo arranjo de cordas... usou poucas notas... mimos em compassos dois por quatro... Sussurros temperados a calor e a suor...

Não revestiu a melodia de gozos... Não ressoou cânticos de Odara ou desce... deixou um papel azul por baixo da porta... uma embalagem amassada de chocolate Bis.

Em homenagem ao dia do músico.

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